quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O livro é caro? É por isso que brasileiro lê pouco?

O livro é caro? É por isso que o brasileiro lê pouco?

Desde crianças nos habituamos a ouvir de todos – pais, professores e amigos – que o principal problema do livro é seu preço. “Livro é caro”, repetimos incessantemente por gerações. 
Mas ele é mesmo? 
Não se vai ao cinema hoje por menos de R$ 40 (se somarmos ingresso à sempre presente pipoca). Ainda assim, o brasileiro vai, em média, quase 8 vezes por ano ao cinema. 
O preço médio de um livro é menor que R$ 35 – mas, em média o brasileiro tenta lê 4 livros e consegue chegar ao fim de 2,1 deles em um ano inteiro. Assustador. 
E porque comparar livro com filme? Porque ambos são modelos de se contar histórias, sendo que o livro é um tipo de meio que pode ser “aproveitado” por mais tempo, costuma trazer conhecimento de maneira bem mais densa e trabalhar a imaginação de qualquer pessoa como nenhuma outra narrativa. 
O problema, então, é o preço? Se isso fosse verdade, iríamos ao cinema uma vez na vida e outra na morte. Não é o caso. 
Dizem que quando se repete uma frase o suficiente ela vira uma verdade quase incontestável. Dizer que o brasileiro lê pouco porque o livro é caro é um caso típico disso: estamos tão habituados a considerar esse fator como absolutamente preponderante que sequer nos damos ao luxo de questioná-lo. 
O livro poderia custar menos? Sim, sem dúvidas – da mesma forma que o ingresso do teatro, o preço de um jantar ou um celular novo. Tudo poderia custar menos pelo simples fato de que ninguém gosta de pagar muito por nada. 
Mas daí a acreditar que o brasileiro lê pouco porque o livro é caro é um tipo de conclusão não apenas precipitada, mas totalmente sem base em parâmetros empíricos e capaz de afundar toda uma indústria criativa que, como qualquer outra, precisa de investimentos para poder crescer com qualidade.

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